domingo, 31 de janeiro de 2010

"O olhar"


Muitas mulheres sonham em casar, ter filhos, e essas coisas...
E eu pergunto-me casar é um objectivo de vida, ou um sonho? Quer dizer não haverá coisas mais importantes na realização pessoal que casar? E porque raio é que uma mulher começando a passar dos 20 tem que ter um namorado para apresentar a toda a gente, se não será olhada como coitadinha?
Vejamos o exemplo: Joana 23 anos, licenciada, dinâmica, ocupa um bom cargo numa juventude partidária a nível pessoal, a acabar o mestrado e feliz. Encontra uma ex-colega de escola com quem partilha os seus objectivos realizados, resposta da amiga "e namorado?" assim que Joana diz que não o tem, lá está aquilo que chamo de "o olhar!" .
Que mal há numa mulher que não tem namorado para mostrar? Perde toda a credibilidade quanto às metas conquistadas só porque à noite dorme sozinha, o dedo de compromisso não tem um anel e nos encontros familiares não tem alguém que elogia até mais não e se senta amavelmente ao seu lado?
Se calhar sentimo-nos preenchidas sem necessitar de um homem, se calhar o tempo que perdemos em dramas, lágrimas e choros atraza a nossa realização pessoal...
E porque raio há teorias que se não arranjarmos um namorado na universidade vamos ficar sozinhas para sempre?
Acho muito fofo e bonito aqueles casais que se conhecem na universidade, vivem juntos, casam quando terminam o curso e têm uma linda história de amor... Mas depois do casamento tudo muda, afinal foram anos e anos de namoro e quando finalmente atingem o sonho... O divórcio é a meta seguinte, eu acredito no amor, mas sinceramente casais destes são a excepção e não a regra, e não a regra... Mas graças a eles as meninas sem relações-duradouras-de-há-anos levam aquele olhar do "coitadinha-só-está-tão-ligada-ao-trabalho-porque-não-tem-um-homem"... Os contos de fadas na nossa sociedade são cada vez mais a excepção à regra e não a regra, por isso sinceramente não entendo porque raio quem não namora tem direito a olhares de coitadinha quando na realidade apenas tem uma opção de vida cada vez mais natural... Se uma pessoa não tem tempo, para quê magoar-se e magoar os outros???


4 comentários:

João Caniço disse...

O mesmo raciocínio pode-se fazer de forma análoga para o sexo oposto em caso de situação semelhante à por ti descrita.
Sobre o post em si estou de pleno acordo. Há muitas coisas que me fazem confusão na juventude actual e uma delas é a capacidade para conseguir ser, na sua generalidade, ainda mais retrógrada e conservadora que a geração dos seus pais. Um desses exemplos é o tal olhar de reprovação para quem, por qualquer razão, não tem namorado ou cônjuge.
Beijinho*

Menina Ochoa disse...

Eu pensava que os homens não ligavam tanto "ao olhar" porque geralmente vem de mamãs, amigas e mulheres... lolol
Mas tens razão isto tem a ver com a mentalidade das pessoas... Morei recentemente com uma espanhola que me dizia que achava super estranho ver tantos casais jovens com filhos, que isso não acontecia na terra dela e era mesmo atrofiante porque parecia que a prioridade das pessoas era essa e não o curso...


Beijocas

João Caniço disse...

Não se trata bem da questão de ligar ou não. A mim passam-me completamente ao lado esses olhares de reprovação. Apenas me revolta virem de algumas pessoas que não têm a mínima moral para censurar o que quer que seja. Pessoas que estão em relações de conveniência ou de pura acomodação. Pessoas mesquinhas que adoram criticar quem está sozinho, como se isso fosse alguma doença ou algum mal contagioso. Pessoas que não compreendem que isso pode ser uma mera opção de vida, seja para não magoar a outra parte ou porque ainda não encontrou a pessoa certa. Enfim, um rol de situações que bem sabemos como funcionam...
É verdade o que essa tua colega espanhola pensa. Eu também quero ter filhos, adoro crianças, mas primeiro há que ter a vida profissional consolidada e minimamente estável.
Está aqui uma temática que tem muito que se lhe diga. Pelos vistos temos pontos de vista semelhantes. O que interessa verdadeiramente é não mudares a tua maneira de ser e de decidir apenas por pressões exteriores. Quando tiveres que encontrar o 'tal' encontras. Se isso não tiver que acontecer, paciência. A vida continua. Chamem-me casmurro, mas é assim que eu penso e provavelmente nada me fará mudar de opinião.
Beijocas

Menina Ochoa disse...

Eu sei o que são pessoas assim... Daquelas que toda a gente sabem que são traídas e traem à força toda mas preferem ter uma aliança no dedo, a admitirem que não têm ninguém!
Quanto é que esta gente entende que a credibilidade das pessoas não se mede pelo compromisso amoroso, mas sim pelos actos...