Saudade

Os beijos molhados,
As carícias infinitas,
Os olhares trocados,
As horas de rimas...

Tudo desapareceu,
No mesmo desvaneio que apareceu...
E no fundo da minha alma
Algo percebeu...

O sentimento da saudade
É maior que a eternidade...
Não sei porque me tocas-te
Porque me encantas-te...

Mas a saudade que me deixas-te
É maior que a vida que seguiste...
Que o tempo que vai passar,
E as lágrimas que vou chorar...

No fundo o que queria dizer era:

Tenho saudades tuas,
Dos teus beijos e abraços,
Do teu riso e dos nossos momentos...

Dos cafés, dos risos,
Dos desastres
E dos copos partidos...

Enfim...

De tudo aquilo que me fez sorrir
E agora me impede de desistir...

Formatação

Há uns dias atrás enquanto tentava formatar o meu disco externo (para conseguir copiar os ficheiros do meu pc) não me apercebi de um erro de transcrição de documentos e algumas das minhas coisas ficaram perdidas... para sempre...
A princípio não me importei por ser tão distraída e fazer tudo às três pancadas e com o máximo de rapidez possível... até que me apercebi que tinha perdido coisas importantes, que significavam algo... Não falo de fotografias nem trabalhos, falo que coisas que marcam um período, um momento, um sorriso... As minhas músicas!
Aquelas coisas que me conseguem transmitir ao passado, como se eu estivesse no momento, como se subitamente ouvisse o meu telemóvel tocar naquele quarto acolhedor onde passei algumas noites... E de repente senti uma vontade imensa de ouvir Damien Rice, de ouvir "The Blowers Daughter", não a versão português do Brasil que ficou presa no meu iTunes, a versão original foi-se...
Sim é só uma música, mas deixou-me a pensar, o que é que acontece quando tentamos formatar a nossa vida? Esquecemos tudo? Ou simplesmente andamos em frente e deixamos que as coisas se arrastem em forma de trauma... E depois tudo se acumula  no mesmo espaço e transformamo-nos, mas nunca esquecendo o que nos originou a transformação. E não somos nós, somos criaturas magoadas que não começam do zero, não estamos formatados, ainda estamos presos a recordações que tentamos formatar, como eu formatei o meu disco.
E no final? Fiquei sem a música, mas com a ideia da música, ela foi formatada de um espaço físico, mas não de um espaço sentimental... É impossível formatar memórias, sentimentos das nossas vidas... É com os ficheiros perdidos que aprendemos a viver... e a ter medo...

Eles voltam sempre...

Sinceramente não entendo uma coisa, se as pessoas quiseram sair da nossa vida e nos magoaram quando o fizeram, porque insistem anos depois em voltar e quererem aproximar-se???

Pensam que as coisas se foram na espuma dos anos e tudo pode voltar a ser como um dia? E os sentimentos que há muito já partiram por serem arrancados??? E o que as pessoas mudaram??? Não contam?

E depois parece que somos as más porque não queremos saber... E as parvas se voltamos...

Sinceramente, eu não faço milagres, e há dias em que a paciência para estes teatrinhos já se foi!

Contos de Fadas

Durante alguns anos eu pensei em processar a Disney e todos os fabricantes de livros de histórias de encantar, porque acabavam todos com o mítico "E viveram felizes para sempre"!

Por causa desse final durante anos sonhei em viver uma paixão proibida tipo Romeu e Julieta, mas com o final de todos os contos de fadas, até que percebi... 

O "viveram felizes para sempre" era relativo... Não há histórias das discuções entre a Bela Adormecida e o Príncipe Encantado sobre o tampo da sanita, as bebedeiras e a não participação nos deveres reais... Não há história sobre a Branca de Neve apanhar o Príncipe Encantado no flirt com a criada do Castelo... Nem a da depressão da Cinderela depois do seu Príncipe Encantado ter fugido com a Bela...

Claro que depois da desilusão e do sentimento de traição para com os livros que acompanharam toda a minha infância, eu percebi a relatividade da questão... "Viveram felizes para sempre" porque quando se juntaram fazia todo o sentido, porque quando o livro acabou eles estavam naquela relação para o bem e para o mal... Se correu mal nunca saberemos, mas o que sabemos é que, como em todas as relações, quando finalmente ficaram juntos viveram felizes para sempre... Os problemas vieram depois, antes, no meio...

Mas o importante é que os contos de fadas sempre existiram, e vão existir porque ainda há pessoas com lindas histórias de amor que viveram "felizes para sempre", num "para sempre" que equivale à durabilidade dos sentimentos verdadeiros... Porque é esta a duração do "para sempre", os sentimentos e não uma vida inteira humana... Às vezes é para o resto das nossas vidas, outras vezes são destruídos por situações adversas, mas quando o tempo cura as feridas os bons momentos ficam... E isso também pode ser considerado um "para sempre".

Porque o Amor acontece todos os dias, e todos os dias temos um conto de fadas, em que os dragões e as maçãs envenenadas, são trocados por traições e discuções, porque os contos de fadas do dia-a-dia evoluiram com a Internet...

Segundas Oportunidades

Olhando para o título quase que parece que vou falar no novo programa do Governo "Novas Oportunidades" mas não... Estas segundas oportunidades estão nos casais, que por se magoarem pensam que conseguem reconstruir tudo!

Se uma relação não funciona à primeira por alguma razão, porque voltamos a tentar e a tentar e a tentar... Acabamos a magoar-nos mais ainda, e para quê? A máxima diz que devemos aprender com os erros, mas não se estarão a esquecer aqui de um pequeno pormenor, o ser humano pode apreender, mas esquecer/ engolir/ fingir hummm é complicado...

Vejamos o exemplo: "Rapaz e rapariga amam-se e decidem ficar juntos, mas depois da relação cair na monotonia e as discuções serem mais que muitas, dão um tempo... Rapaz acaba por trair rapariga. E no final decidem tentar outra vez... Ela não vai esquecer as traições por muito que perdoe, ele não vai esquecer as cenas de ciúmes por mais que acredite que ela vai mudar, e vão acabar sempre por se desentender e desgastar o pouco o que têm...". 

A relação nunca mais vai ser a mesma, por muito que se amem, amar por vezes não basta... O amor não vence tudo, vence quase tudo... 

Por isso não acredito em segundas oportunidades, podes tentar e tentar, mas acredita vais cometer outro erro que será fatal, porque a relação já vem danificada da primeira vez, e infelizmente as relações não têm reset! As pessoas não têm a capacidade para esquecerem tudo... O que abdicaram, o que sofreram, o que passaram, o que engoliram...

Por mais que tentem não mandar à cara algo que ficou anteriormente atravessado vais mandá-lo, e por mais que tentem vão lembrar-se que para tentar de novo engoliram o orgulho, o que na realidade pensavam, engoliram e toleraram coisas que deviam ter saído, e acreditem vão sair...

Quem tem a prova do contrário que mo diga...  Só conheço uma excepção à regra, e nem nessa acredito a 100%...

Happy Valentine's Day

Já se começam a ouvir os primeiros sinos dos dia dos namorados, as primeiras publicidades, os primeiros coraçõezinhos nas montras... O parvo da situação é que antes disso ainda temos o Carnaval, antes do dia mais "stressante" e "cliché" do ano, há outro, mas sinceramente ninguém parece importar-se... Ou pelo menos disfarçar o dia antes do "dia do amor"!

Que me desculpem a Afrodite e o Eros mas tenho mesmo que, finalmente, dizer aquilo que penso do dia dos Namorados, que é algo como o dia da mulher mas versão casal!

Eu considero-me a pessoa mais romântica que conheço, e não é por estar sozinha que o digo... Mas bolas, quando estou com alguém não preciso de um dia que me "obrigue" a dar uma prenda a essa pessoa, fora do seu aniversário e do Natal... Não preciso mesmo... Basta-me encontrar algo que me recorde essa pessoa que compro e pronto... E para que é que preciso de um dia para ir a um restaurante XPTO com o "meu-mais-que-tudo" quando posso ir qualquer dia, que se calhar até mais importante que este... 

Todos os dias são O DIA DOS NAMORADOS quando se está apaixonado, ou pelo menos deveriam ser... Porque raio vamos "poluir" a cidade com estas coisinhas, e deixar stressados e a sentir-se encalhado quem não tem ninguém... Sim, porque por mais que uma pessoa se sinta bem com o facto de estar sozinha, o dia nos namorados stressa, acaba por ser um cliché de casais "supostamente apaixonados" nos restaurantes, e solteiros desesperados nas discotecas!

E antes do fatídico dia, ainda temos os dias anteriores que é uma espécie de mini-natal, "o que raio lhe vou oferecer" e por todo o lado se vêem boxers aos corações, rosas vermelhas, cartões com cupidos desenhados e afins... 

Como se não bastasse a bela da expectativa que criamos, quanto ao quão romântico vai ser o dia... E esperamos mil e uma merdinhas românticas e quando damos por ela, acabamos a discutir!!! Porque esperávamos algo MUITO MAIS lindo e romântico... E pronto acabamos o dia dos namorados a chorar junto a um pacote de "lenços faciais"...

Alguém já se deu ao trabalho de ler a lenda e a verdadeira tradição de S. Valentim? 

Sabiam que inicialmente em Portugal se festejava este dia em 12 Junho, porque ser o dia antes do dia de Santo António? E que no Brasil isto ainda acontece... Já nos outros países celebra-se a 14 de Fevereiro porque foi quando o Bispo Valentim morreu... Que foi precisamente no dia que marca as celebrações na Roma antiga de Juno (a deusa da mulher e do matrimónio) e de Pã (a deusa da Natureza). Curiosamente um dos rituais deste festival era o "passeio da fertilidade", onde os sacerdotes caminhavam pela cidade batendo em todas as mulheres com correias de couro de cabra para assegurar a fecundidade.

Já na idade média dizia-se que o dia 14 de Fevereiro era o primeiro dia do acasalamento dos pássaros, por isso os namorados da idade média aproveitavam para deixar bilhetinhos à porta das casas das amadas... 

No século XXI o dia dos namorados tornou-se num dia cliché e puramente consumista... 

P.S. Quantos de vocês que festejam o dia dos namorados se preocuparam e saber mais um pouco sobre o dia que dizem à vossa cara metade o quanto gostam dela???