segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Formatação


Há uns dias atrás enquanto tentava formatar o meu disco externo (para conseguir copiar os ficheiros do meu pc) não me apercebi de um erro de transcrição de documentos e algumas das minhas coisas ficaram perdidas... para sempre...
A princípio não me importei por ser tão distraída e fazer tudo às três pancadas e com o máximo de rapidez possível... até que me apercebi que tinha perdido coisas importantes, que significavam algo... Não falo de fotografias nem trabalhos, falo que coisas que marcam um período, um momento, um sorriso... As minhas músicas!
Aquelas coisas que me conseguem transmitir ao passado, como se eu estivesse no momento, como se subitamente ouvisse o meu telemóvel tocar naquele quarto acolhedor onde passei algumas noites... E de repente senti uma vontade imensa de ouvir Damien Rice, de ouvir "The Blowers Daughter", não a versão português do Brasil que ficou presa no meu iTunes, a versão original foi-se...
Sim é só uma música, mas deixou-me a pensar, o que é que acontece quando tentamos formatar a nossa vida? Esquecemos tudo? Ou simplesmente andamos em frente e deixamos que as coisas se arrastem em forma de trauma... E depois tudo se acumula  no mesmo espaço e transformamo-nos, mas nunca esquecendo o que nos originou a transformação. E não somos nós, somos criaturas magoadas que não começam do zero, não estamos formatados, ainda estamos presos a recordações que tentamos formatar, como eu formatei o meu disco.
E no final? Fiquei sem a música, mas com a ideia da música, ela foi formatada de um espaço físico, mas não de um espaço sentimental... É impossível formatar memórias, sentimentos das nossas vidas... É com os ficheiros perdidos que aprendemos a viver... e a ter medo...

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